Sonhos Lúcidos podem auxiliar no tratamento de psicoses e outros transtornos.

Sonhos Lúcidos podem auxiliar no tratamento de psicoses

O estado mental dos sonhos conscientes ou lúcidos é uma área que vem sendo desbravada pela ciência, mais especificamente a partir da década de 70. De lá para cá, as investidas nesse campo tem conseguido alguns resultados surpreendentes, servindo até mesmo para inspiração em temas de vários filmes. Uma possibilidade fascinante, apontada por Silvio Scarone(¹), da Universidade de Estudos de Milano, é a que traça uma estreita relação entre o estado mental dos sonhos lúcidos e a possibilidade de tratamento de psicoses e outros transtornos.
Quando conseguimos ficar conscientes durante um sonho, de acordo com as pesquisas em laboratórios do sono(²), estamos normalmente dentro do que se chama fase REM “fásico”. Isso significa que não estamos falando de “sono leve”, mas sim sono intenso e profundo. Porém nesse estado, cria-se um distinto padrão de atividade cerebral, que possui bastante semelhança com os padrões verificados na psicose e algumas condições psiquiátricas.

Sonhos Lúcidos podem auxiliar no tratamento de psicoses
Comparativo de uma análise topografica de atividade cerebral entre os estados mentais quando acordados(o superior), no estado do sonho lúcido(meio) e em fase REM comum(não lúcido).

 

    De acordo com a pesquisadora Ursula Voss, da universidade da Alemanha, essas descobertas confirmam a conexão já presente nos livros de neurociência, de que quando sonhamos lucidamente, o cérebro esta num estado dissociado. Essa dissociação é normalmente caracterizada pela perda de controle consciente sobre o processo mental, como o pensamento lógico ou reações emocionais.
Ora, já é bem sabido por boa parte dos onironautas interessados pelo tema dos sonhos lúcidos, como está presente o embotamento da capacidade de raciocínio e tomada de decisões durante os sonhos. Nos sonhos lúcidos se supera esse embotamento.
A comparação que se estabelece é que em algumas condições psiquiátricas esse “estado dissociado” também é conhecido por ocorrer quando as pessoas estão despertas.

“No campo da psiquiatria, o interesse dos sonhos dos pacientes tem diminuído progressivamente tanto no campo clínico quando das pesquisas. Mas esse novo trabalho parece mostrar que nós devemos estar aptos para fazer comparações entre os sonhos lúcidos e algumas condições psiquiátricas que envolvam uma anormal dissociação da consciência quando acordados, como acontece na psicose, despersonalização e pseudoconvulsões”, afirma Silvio Scarone, da Universidade de Estudos de Milano.    Não é a toa a quantidade de estudos e livros publicados nas últimas décadas referente ao estudo dos sonhos lúcidos. Algumas condições de certos pacientes passaram a ser alvo de interesse, pelo tratamento com terapia dos sonhos em algumas clínicas. É o caso por exemplo de pessoas que sofrem de pesadelos constantes. Em alguns casos podem ser ensinadas a sonhar lucidamente.

“Por um lado, a base das pesquisas com sonhos, poderia agora aplicar seu conhecimento para pacientes psiquiátricos, com o objetivo de construir uma ferramenta útil para psiquiatria, revitalizando o interesse nos sonhos para o tratamento de seus pacientes”, diz Scarone. “Por outro lado, as investigações da neurociência poderiam explorar como ampliar seus trabalhos para as condições psiquiátricas, usando abordagens das pesquisas do sono para interpretar informações de casos de psicose e outros estados dissociados do cérebro-mente.”

Outra verificação interessante dessa pesquisas, foi que as desilusões paranóides e outros fenômenos alucinatórios, ocorrem quando os estados dissociativos dos sonhos envolvem repetição de situações de ameaça a serem concretizadas na vigília.

“Exposição para eventos de real ameaça supostamente ativam o sistema onírico, no qual produz simulações realísticas dos eventos ameaçadores em termos de percepção e comportamento” explicou Scarone. “Essa teoria funciona com base no ambiente e com o cérebro humano envolvido com eventos perigosos e frequentes que ameaçam a reprodução humana. Isso teria sido uma séria pressão seletiva para as populações ancestrais da espécie humana e teria ativado totalmente os mecanismos de simulação de ameaça.”

Fontes e Referências Bibliográficas:

– NEUROCIÊNCIA da Mente e do Comportamento. LENT, Roberto(Coordenador).
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

 

 (1) http://www.physorg.com/news168024914.html e

 

(2) LaBerge, Stephen.O Mais Alto Grau de Consciência.

. Revista Viver Mente&Cérebro- Edição Especial – n.4: Duetto

(3) http://two.xthost.info/superkuh/Library/Lucid%20Dreaming

_%20A%20State%20of%20Consciousness%20with%
20Features%20of%20Both%20Waking%20and%20Non-Lucid%20Dreaming_%20voss_jSleep.pdf 😉

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12 respostas

  1. eu li em primeira mão u.u
    hehe
    interessante mesmo ^^
    achei muito interessante as imagens da atividade cerebral 😀 eu realmente estava curioso pra saber como fica o cérebro durante um sl

  2. Tbm li em primeira mão em LaBerge, Stephen.O Mais Alto Grau de Consciência.
    . Revista Viver Mente&Cérebro- Edição Especial

    =D

  3. uma duvida que tenho ; nos artigos da revista mente e cerebro, á um conflito; Mark Solms no artigo "A interpretação dos sonhos" afirma que ja não é possivel mais afimar que os sonhos ocorrem somente durante o sono REM, ja Jonathan Wilson no artigo "O Significado dos sonhos" discorda afirmando veemente que os sonhos só ocorrem durante o estado REM. Eu tenho minhas duvidas, até pq os primeiros sonhos que ocorrem (durante as primeiras 6 horas) podem estar relacionados aos estados REM menores durante a noite aqueles iniciais. Entretanto não é muito bom sermos tão fundamentalistas e afirmar como o Próprio Wilson que os sonhos se limitam ao REM. O que vc's acham??

  4. É isso mesmo Breno. Parabéns pelo achado!! Há divergência nos textos como tu apontou(conferi aqui).
    .
    Um outro artigo na mesma revista, dessa vez do falecido médico brasileiro Moacyr Scliar, com o título "O Fascínio Pelos Sonhos" é bem explícito:
    "Em meados dos anos 1950 postulou-se que o sonho estava associado ao sono REM, mas depois constatou-se que se sonha em todas as fases. No período REM, contudo, os sonhos tendem a ser mais detalhados e parecem ter um "roteiro"."
    .
    Por fim em um 4º artigo(Revista Mente&Cérebro – Edição Especial nº 13), dessa vez do neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro:
    "O sono de ondas lentas, ao contrário, e em geral caracterizado por pensamentos com lógica semelhante à da vigília, mas desprovido de imagens intensas e enredo complexo
    .
    Pelo que tenho pesquisado nesses artigos, está bem claro que há presença de sonhos fora da fase REM, mas são sonhos mais apáticos, não são vívidos e criativos como aqueles da fase REM.
    .
    Talvez Jonathan Wilson esteja desatualiado sobre essas pesquisas dos sonhos no sono de ondas lentas(ou NRem) ou ele simplesmente não classifica esses eventos como sonhos e sim mera presença de imagens e a descrição do Sidarta:
    (…) caracterizado por pensamentos com lógica semelhante à da vigília, mas desprovido de imagens intensas e enredo complexo

  5. Márlon, tbm creio que sonhos ocorrem fora do estado REM, no caso da sua hipótese sobre a crença de Wilson, é bem provável tbm que esses "sonhos" não-REM sejam apenas hipnagogismo assim como o próprio sono que é precedido por esse estado. Seria uma especie de adaptação da consciência desperta para começar a perceber a narrativa onírica. Lembrando que costumo ter alucinações hipnagógicas bem intensas e as vezes muito demoradas, isso pq eu demoro pra pegar no sono mesmo estando muito cansado, mas ainda não vi correlação disso com a riqueza ou lembrança dos sonhos vindouros.

  6. Eu tive algumas alucinações hipnagógicas e também hipnopômpicas, mas elas são bem características da proximidade com o despertar ou com o adormecer definitivos. Muito provavelmente as ondas cerebrais ou o estado mental vão ser diferentes…
    … e podem ser experiências beeeeem intensas. Bem frequentemente ambientadas no local onde estamos dormindo.
    .
    Pelas descrições dos pesquisadores que comentamos me parece que os sonhos NREM possuem essa característica de serem algo mais próximo do nosso pensamento da vigília, com imagens menos vívidas e mais lógica e menos criatividade.
    .
    A partir dessas premissas minha conclusão que são sonhos com uma razoável distância ou diferença dessas alucinações Breno.
    Resumindo: as alucinações teriam essa característica de serem bem mais intensas.

  7. hmmm entendi marlon, no entanto se perguntassem pra mim qual eu axo mais rico em detalhes e mais vivido, entre as alucinações hipnagogicas e os sonhos não-REM, diria particulamente que não vejo diferença. A maioria dos meus NREM são as vezes extremamente curtos e non-sense como minha alucinações, q como disse , costumo ter alucinações bem intensas, tais como barulho nos cantos do quarto e da casa, vejo algumas imagens em minha mente bem definidas e as vezes é quase uma curta metragem com narrativa e tudo, a diferença é que é um estado muito mais instavel onde qualquer emoção mais forte ja me acorda, tal quando tive uma alucinação da sensação de queda ou quando ouvi uma voz chamando meu nome (o q deu medo asuhahus)

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