A galantamina já é utilizada, especialmente nos EUA, há um bom tempo para indução de sonhos lúcidos. No Brasil, foi aprovada e regularizada pela FDS e pela ANVISA em 2001, mostrando resultados significativos no combate do transtorno cognitivo leve, alzheimer e na demência vascular.
Pode ser adquirida em qualquer lugar, inclusive via site da amazon.com americana. Tomei conhecimento dessa pílula através de um texto e vídeo do jornalista Bruno Torturra ( https://revistatrip.uol.com.br/trip/te-vejo-nos-meus-sonhos ), onde ele descreve como foi a experiência dele em um curso promovido pelo Stephen LaBerge. Durante o curso e as tentativas de indução de sonhos lúcidos, Torturra acaba se deparando com a galantamina e consegue ter seu primeiro sonho lúcido. Chamo atenção, para o fato de que ainda assim, utilizando a galantamina, o jornalista também estava se utilizando das técnicas apresentadas no curso. A pílula isoladamente, parece ser bem menos efetiva.
Pesquisadores da universidade de Wisconsin, dentre eles o próprio Stephen LaBerge, recentemente publicaram uma pesquisa sobre essa eficiência da galantamina para com a obtenção de sonhos lúcidos. A substância é utilizada em doses bem maiores para o tratamento de Alzheimer. Atua nos inibidores de acetilcolinesterase, resultando em interferência na fase REM e na memória. No caso os idosos sobre tratamento, relatam com alguma frequencia, aumento dos pesadelos.
O Experimento:
Foram recrutados 121 participantes para o experimento. E não eram voluntários sem experiência com sonhos lúcidos. Eram pessoas com especial interesse por sonhos lúcidos e que tiveram treinamento em técnicas de indução como por exemplo a MILD.
Durante 3 noites seguidas, os voluntários ingeriram na seguinte sequencia:
- a noite: comprimido placebo;
- a noite: 4mg de galantamina;
- a noite: 8 mg de galantamina.
Resultados
Na primeira noite, esses participantes, ficaram em função apenas de suas técnicas de indução normais, pois o comprimido não continha galantamina e mesmo assim houve um total de 14% de voluntários que relatou ocorrência de sonho lúcido.
Pela segunda noite, tomaram o comprimido de 4 mg, resultando em 27.3% dos participantes relatando ocorrência de sonhos lúcidos.
Finalmente na terceira noite, ingerindo 8 mg de galantamina, 42.2% das pessoas relataram ocorrência de sonhos lúcidos.
Interessante ressaltar que desses 121 voluntários, 10 deles informaram que jamais haviam experimentado um sonho lúcido e na 3a noite, com a dose de 8 mg, 4 (quatro) pessoas confirmaram que tiveram a experiência. No total 57% dos voluntários ou 69 pessoas tiveram sonhos lúcidos. Efeitos colaterais foram anotados em 14 pessoas ou 12% dos participantes. Dentre esses efeitos: náusea, fadiga e problemas gastrointestinais.
Conclusões
A galantamina de fato pode ajudar na indução de sonho lúcido. Especialmente se você já possui prática nas técnicas de indução convencionais. Apesar de vendida como suplemento nos EUA, é uma substância que merece alguns cuidados, pois pode sim provocar efeitos colaterais nada agradáveis. Dentre eles destaca-se as náuseas. A partir da dose de 4mg já é possível sentir esses efeitos – e é claro isso varia de organismo para organismo, sendo não tão ruim para péssimo – e com 8 mg eles podem estar ainda bem mais fortes. Não é a toa que no Brasil só é vendida sob prescrição médica. E é bem cara por aqui.
Utilizada no tratamento do alzheimer e para o controle de defeitos cognitivos, a galantamina, porém é importante também reforçar importância de mais estudos com relação ao uso da mesma para efeitos sobre sonhos normais e lúcidos, especialmente sobre as alterações no sono e na atividade atividade cerebral durante o mesmo.
Por fim, importante destacar que no próprio estudo, as técnicas de indução como MILD, Tholey, WBTB, etc.. possuíram considerável interferência nos bons resultados, como o próprio artigo (citado nas referências logo abaixo), deixa bem explícito.
Referência Bibliográfica:
LaBerge S, LaMarca K, Baird B (2018) Pre-sleep treatment with galantamine stimulates lucid dreaming: A double-blind, placebo-controlled, crossover study. PLoS ONE 13(8): e0201246. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0201246
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0201246
GOMES, Alexandre de Mattos; KOSZUOSKI, Ricardo. Evidências atuais do impacto terapêutico dos inibidores da acetilcolinesterase no transtorno cognitivo leve e na demência vascular. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre , v. 27, n. 2, p. 197-205, Aug. 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082005000200010&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81082005000200010.